sábado, 12 de dezembro de 2009

CORRUPÇÃO E ROUBO DO DINHEIRO PÚBLICO É CRIME HEDIONDO

Depois de recebermos a notícia que cerca de 84 bilhões de reais são consumidos pela corrupção no Brasil por ano, temos que discutir as questões mais sérias do país.
Queremos saber de quem é a responsabilidade por tal situação.
Se temos problemas com energia elétrica a culpa é do povo porque não sabe usar a eletricidade;
Se falta água a culpa é do povo porque não faz seu uso de forma racional;
Se temos enchente é porque o povo joga lixo nas ruas;
Se existe poluição a culpa é das pessoas que não se preocupam com o meio ambiente;
Se existe inflação é porque não sabemos gastar dinheiro;
Se existe político corrupto é porque não sabemos escolher bem nossos representantes;
Se roubam dinheiro público é porque todo mundo rouba;
84 bilhões de reais daria para construir centenas de hospitais, escolas, creches, fazer investimentos em energia elétrica, saneamento básico, água, esgoto, fiscalização da mata amazônica, acabar com a fome no país, investir na infância, adolescência, na mulher, no idoso, daria para melhorar a segurança pública e muito mais.
A corrupção consome mais que os investimentos governamentais em qualquer área no Brasil.
E a culpa dizem, não é dos ladrões e sim da população, mais ou menos como dizer que se você for assaltado, quem deve ser preso e julgado é você.
Pensam que não sabemos pensar, que podemos ser enganados com esse discurso.
Acredito que está chegando a hora de pessoas honestas assumirem o lugar dos políticos corruptos, os eleitores já estão pensando seriamente em votar em pessoas com histórico de honestidade.
Mais do que isso, é necessário uma legislação que transforme corrupção e roubo de dinheiro público em crime hediondo, com cadeia obrigatória, pois tal crime é responsável pela morte de milhares de brasileiros pela falta de investimento em saúde, educação, habitação, saneamento e etc.
Enquanto esses criminosos levam seus filhos para estudar fora do país, comem nos melhores restaurantes do mundo, viajam, se divertem, contratam segurança particular, brasileiros crescem desnutridos, sem acesso a educação, enfrentam filas em hospitais, vivem em baixo de pontes são humilhados e tratados como invasores.
A classe média paga o maior imposto do mundo, cobrado diretamente do seu salário, para sustentar tais orgias com o dinheiro nas cuecas e caindo dos bolsos.
Colocar a culpa na população é o mais deslavado cinismo.
Temos que colaborar, fazendo uso racional de energia, contribuir para melhorar a poluição e o meio ambiente e escolher melhor nossos representantes é claro. Não podemos fugir de nossas responsabilidades.
Porém temos que exigir que os verdadeiros culpados sejam punidos exemplarmente, com cadeia sem direito a processos que duram a vida toda. Isso ocorre em diversos paises, para que os honestos não sejam cooptados e tentados pela impunidade.
Vamos nos preparar para uma grande virada, vamos nos unir e lutar para que os próximos anos sejam de luz e harmonia, nós merecemos um futuro melhor de solidariedade e fraternidade.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

REGULAMENTAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA

A Associação Brasileira de Psicopedagogia-ABPp, está promovendo um abaixo-assinado eletrônico, que conta com mais de 3500 assinaturas até o momento, de apoio à aprovação do PL 3512/08 que regulamenta o exercício da atividade em Psicopedagogia no Brasil.
Para participar basta clicar no link abaixo. Vamos participar, vamos fazer a nossa parte.
Uma abraço aos colegas Psicopedagogos.
http:www.abpp.com.br/abaixo-assinadoleipsicopedagogia.asp




sexta-feira, 7 de agosto de 2009

OFICINA DE LEITURA E ESCRITA

Gostaria de compartilhar uma experiência profissional que culminou na criação da técnica denominada Oficina de Leitura e Escrita (OLE) , e tema da minha dissertação de mestrado.
A OLE é uma técnica da Psicopedagogia que utiliza como instrumento principal a narrativa como função terapêutica.
Esta oficina terapêutica atualmente é utilizada numa população que apresenta processos patológicos regressivos com uma desestruturação psicótica ou neurótica, a qual há perdas de conteúdos adquiridos ou uma reestruturação numa categoria abaixo de sua idade e/ou nível de desenvolvimento psicológico.
A narrativa é mobilizadora de aspectos das diferentes instâncias psíquicas do sujeito, atingindo tanto o consciente como o inconsciente isto é, todo o aparelho psíquico, ajudando na elaboração de seus conflitos.
Gilberto Safra em seu trabalho de consulta terapêutica através do uso de estórias infantis utiliza os contos como veículo interpretativo auxiliando a criança na elaboração de seus conflitos.
Os mitos têm um apelo maior ao id, já as fábulas atingem principalmente o superego, e os contos acessam todo o aparelho psíquico.
Walter Benjamim refere que nos contos o extraordinário e o miraculoso são narrados com a maior exatidão, mas o contexto psicológico da ação não é imposto ao leitor. Ele é livre para interpretar a história como quiser.
Nesta ocasião a obra utilizada era ¨Marcovaldo ou as estações na cidade¨ de Italo Calvino, que consiste numa série de vinte contos urbanos protagonizados por Marcovaldo um operário que busca na cidade encontrar a natureza.
A técnica consiste em: preparação da sala deixando a disposição lápis, apontadores e folhas pautadas; após a reunião do grupo de participantes, passa-se a apresentação da OLE; leitura do conto pelo coordenador; leitura do conto por qualquer componente do grupo que manifeste o desejo em fazê-lo ; simultaneamente à leitura os participantes são estimulados a escrever livremente o que desejarem e da forma que entenderem os conteúdos do texto; leitura da produção escrita pelos componentes do grupo; e comentários gerais.
Como exemplo da função terapêutica da narrativa, apresentarei o caso de Amarillis (nome fictício), uma jovem de 20 anos quadro compatível de transtorno depressivo moderado.
Os dados coletados em sua admissão dão conta de um namoro contra a vontade de sua mãe e que há aproximadamente cinco meses Amarillis sofreu um abortamento espontâneo que desencadeou numa tristeza intensa, perda de atividade, queda de apetite chegando a perder cinco quilos em três meses, insônia, diminuição da libido, vontade de morrer e tentativa de suicídio.
Vejamos alguns trechos de sua produção escrita durante os grupos que participou:
- Marcovaldo passando na rua a caminho de seu emprego, avista um bando desses pássaros, tomado por isso se dispersa de seu caminho fazendo assim um guarda corrigi-lo pelo erro que ali cometia. Ao voltar para sua casa empenhou-se a caçar de forma obviamente errada, e sem pensar nas reações que sua ação causaria.
Neste trecho observaremos que Amarillis enfoca a dificuldade que Marcovaldo tem em contato com suas obrigações se dispersa do caminho ao emprego. E de usar o ego como mediador entre desejo e realidade sem pensar nas reações que sua ação causaria uma preponderância do superego.
Em outra estória destaca-se outros trechos.
- Sem exitar continua a comparar a sua rotineira vida as maravilhas que seus olhos podia notar em relação à natureza.
- Cansado da rotina resolveu então provar de tudo aquilo que seus olhos o mostrava.
Nestas frases percebemos a presença de conflito entre o id e o superego no contexto psicológico de sua narrativa, comparando as maravilhas da natureza com a rotineira vida de Marcovaldo, e que o ego apresenta dificuldade em fazer a mediação entre ambos o que em psicopatologia é característico de neurose.
Outro trecho destaca o conflito que citamos:
- Talvez Marcovaldo não encontrará dentro de si paz para realmente apreciar o que lhe fazia bem.
A paz aqui mencionada foi interpretada como sendo a necessidade de mediação pelo ego para diminuir as angústias advindas do conflito apresentado.
Amarillis apresenta em sua produção desfechos para os contos narrados, analisaremos alguns:
1º Desfecho:
Mais tarde chegam as respostas das besteiras que ele havia causado, pessoas inocentes caíam em sua armadilha. E mais uma vez se dá mal, pegou nada mais nada menos que pombos de cidades que lhe causaram uma enorme indigestão.
2º Desfecho:
Por esse fato todos os que colheram precipitadamente tiveram de pagar pelo erro de ter ingerido os cogumelos.
Daí vem à lição que ganância misturada com falta de conhecimento traz mais tarde reações das quais deixam as pessoas se arrependerem de seus atos.
Como já foi destacado no início uma das características da narrativa é a falta de imposição do contexto psicológico do narrador e este foi um dos motivos para a escolha de contos.
Amarillis transforma os contos em fábulas que são estórias que têm um forte apelo ao superego sugerindo uma reflexão ou verdade de origem moral.
Sua narrativa apresenta um auto-retrato psicológico:
O conflito entre o desejo de uma relação amorosa e a tentativa de interdição pela mãe, a gravidez resultado dessa relação interrompida por um aborto espontâneo trazendo a culpa disparadora da crise depressiva e tentativa de suicídio com os remédios da mãe.
Suas fábulas nos parecem ser a expressão de um momento de reflexão de toda a situação por ela vivida neste período.
Assim, para encerrar gostaria de apresentar mais um desfecho de Amarilis em busca da solução de seus conflitos:
- Então amanhece e ele se depara com a velha rotina que o lembrava que já era hora de começar tudo de novo.
E uma citação de Walter Benjamin que além de técnica é principalmente poética.
"A narrativa não está interessada em transmitir o puro em si da coisa narrada como uma informação ou um relatório. Ela mergulha a coisa na vida do narrador para em seguida retirá-la dele. Assim se imprime na narrativa a marca do narrador, como a mão do oleiro na argila do vaso”.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

FUNÇÃO TERAPÊUTICA DA PALAVRA



Para a Psicanálise a utilização da palavra é essencial.
Freud em sua I Conferência em 1916/1917 refere que cada disciplina tem seu instrumento de trabalho e que para a Psicanálise é a palavra.
O terapeuta pode questionar o que falar e em qual momento. A resposta é que devemos estar atentos devido ao fato de que
até um simples bom dia pode ser terapêutico.Esta frase resume dois pontos importantes para a Psicanálise. O primeiro é a atenção e a importância ao que se fala e o segundo é o uso utilitário da palavra como objetivo a torná-la terapêutica considerando a ação desta sobre o outro.
Tamanha a potência da palavra no uso terapêutico que Freud 1916/1917 a coloca como tema de relevância em sua obra. Vejamos suas considerações:
“Por meio das palavras uma pessoa pode tornar outra jubilosamente feliz ou levá-la ao desespero, por palavras o professor veicula seus conhecimentos aos alunos... Palavras suscitam afetos e são, de modo geral, o meio de mútua influência entre os homens”.
A palavra é essencial no processo terapêutico, pois é através dela que a pessoa expressa o sofrimento psíquico, manifesta os conteúdos inconscientes ligados ao desejo, estabelece a transferência analítica e procede-se a interpretações psicanalíticas.
Lacan em seu trabalho Função e Campo da Fala e da Linguagem,(1953) também coloca como ponto central o estudo e o uso da fala para a Psicanálise ratificando a posição freudiana de mostrar a força e importância da mesma:
“Quer se pretenda agente de cura, de formação ou de sondagem, a Psicanálise dispõe de apenas um meio: a fala do paciente. A evidência desse fato não justifica que se o negligencie¨.
Faz uma distinção muito importante em relação ao tipo de discurso apresentado, colocando a necessidade de apreendermos o que está sendo mostrado no discurso pleno e o que se pretende esconder no discurso vazio.
No discurso vazio pode parecer que nada está sendo transmitido ou que não se tem algo a transmitir, porém devemos investigar o que está sendo escondido em seu conteúdo mesmo que não comunique nada.
O discurso representa a existência da comunicação, mesmo que negue a evidência a fala constitui a verdade, se destinar a enganar ele especula com a fé.
Em relação ao discurso pleno, na investigação psicanalítica devemos contatar com a subjetividade e singularidade do sujeito, com o seu simbolismo buscando o que se quer mostrar. Lacan refere que o efeito de uma fala plena é recordar as contingências passadas dando-lhes o sentido das necessidades por vir, tais como as constitui a escassa liberdade pela qual o sujeito as faz presente.
A necessidade e a pressão social fizeram com que fosse abolido o uso da camisa-de-força e cela-forte como medidas de contenção de crises de agitação psicomotora e hetero-agressividade, dando lugar então à utilização preferencial da contenção verbal no manejo de tais situações nos equipamentos de saúde, especialmente de saúde mental.
Podemos perceber que na maioria das vezes o uso utilitário da palavra faz com que a pessoa retorne a um estado de auto-controle, podendo restabelecer a crítica e o contato com a realidade, sem necessidade de contenção mecânica e química.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A QUELHA QUELHA E O OBJETO TRANSICIONAL

Sempre que entra em pauta a Psicologia Infantil nos reportamos aos ensinamentos de Donald Woods Winnicott e nele encontramos um instrumento teórico muito importante para nosso trabalho, que é o Objeto Transicional.
Ao nascer a vida psíquica da criança consiste apenas na realidade interna e com isso acaba por ter a percepção de sua mãe como sendo parte de si.
Com o amadurecimento do seu aparelho psíquico ela começa vivenciar as primeiras experiências com o mundo externo, o que a leva a conscientização de uma realidade externa. Tais vivências provocam sensações de angústia, especialmente devido a separação da mãe.
Os Objetos Transicionais são de uma importância vital para a criança neste momento, por ocupar um lugar na vida psíquica em que se alojam num espaço intermediário entre a realidade interna e a realidade externa com o papel de aliviar as sensações de ansiedade e angústia provocados pelo choque ocasionado por tal conscientização.
Vou apresentar uma vivência ocorrida numa situação familiar onde pretendo exemplificar tais fenômenos.
Por volta de 20 horas um casal se preparava para sair de casa para um compromisso, quando surge em cena sua filha de 3 anos e 4 meses e a mãe lhe informa que os pais irão se ausentar. Ao perceber que ficaria em companhia dos avós maternos, segue-se o diálogo que nos chamou atenção:
- Mamãe, cadê minha quelha ?
A mãe responde :
- A mamãe não sabe, pergunta pra vovó.
Ignorando a sugestão da mãe, dirigiu-se ao pai:
- Cê viu, papai a quelha ?
O pai responde:
- Não, você procurou no quarto?
Novamente ignorou a indicação do pai e se voltou a mim e perguntou:
- E você, viu minha quelha?
Como não tinha tanta familiaridade com a situação e não sabia do que se tratava tentei entender perguntando :
- O que você quer saber ?
- Da minha quelha , cê num sabe ?
Fiz outra tentativa :
- O que é isso?
- Num é isso, é a minha quelha. E se retirou um tanto indignada e apressada sem maiores explicações.
Sem perceber estava envolvido juntamente com os pais e avós, na procura...
Em minutos foi encontrado em outro cômodo da casa o objeto que causara tanto alvoroço, e havia mobilizado a todos, só assim fui apresentado à uma coelha de pelúcia branca com roupa cor-de-rosa que correspondia a quase metade do seu tamanho.
- Essa é a minha quelha, disse levantando a coelha com esforço.
Eu disse:
- Puxa! Que coelhinha mais bonita, como ela se chama?
- Quelha–quelha, responde sorrindo.
- Hum tá bom, agora que você encontrou a Quelha-quelha , o que você vai fazer agora ?
- Vamos brincar e ela vai ficar comigo e com a vovó.
A mãe interrompe dizendo:
- E depois vão dormir, ?
Eu pergunto:
- Você dorme com a sua Quelha?
Ela responde:
- Ela dorme na minha cama comigo, e saiu abraçando a sua Quelha dirigindo-se para outro cômodo.
Aproveitando o período de calma que vigorava então, aproveitei para fazer algumas indagações aos pais.
Soube assim que a criança ganhara a coelha de uma tia quando era bebê, e por ser muito grande tornou-se um enfeite para o quarto.
Sua mãe necessitando retomar as atividades profissionais teve que iniciar o desmame. Nos dois meses que se seguiram a criança passou a mamar no seio apenas a noite, ficando durante o dia oito horas sem leite materno, e gradativamente até que aos onze meses, quando sua mãe aumentou sua jornada de trabalho acarretando doze horas de ausência, houve o desmame total.
Nessa época a criança passou a brincar com a coelha, que recebeu o nome de Quelha-quelha, nome e sobrenome passando a dormir com a mesma, muitas vezes a utilizando como travesseiro e cheirando.
A partir de então passou a conversar, requisitá-la como companhia em viagens, passeios e os pais perceberam que em situações de ansiedade e tensão a criança recorre a Quelha , sendo frequente essa mobilização de todos quando encontra alguma dificuldade em localizá-la.
Gostaria de destacar alguns aspectos característicos e específicos desta relação que nos indicam a quelha como sendo o seu Objeto Transicional.
A criança demonstra uma relação afetuosa com o objeto dando-lhe vida. O objeto é reconhecido tanto pela criança com pelos pais como tranquilizador em situações de ansiedade. Foi sendo catexado a partir da ausência maior da mãe e do desmame.
A quelha não é vista pela criança como objeto exterior, nem tão pouco se apresenta como um objeto interior, transitando naquele espaço intermediário entre o sujeito e o objeto.
Conheça mais a respeito do assunto no livro O brincar e a realidade de D.W. Winnicott

domingo, 19 de julho de 2009

PISO SALARIAL DO PSICÓLOGO

Está em tramitação na Câmara Federal um projeto de lei para regulamentação do piso salarial dos Psicólogos. Trata-se do PL 5440/2009 de autoria do Deputado Federal Mauro Nasif, que propõe um piso salarial aos Psicólogos.
Para acompanhar a tramitação do projeto é necessário cadastrar-se no site da Câmara dos Deputados.
PSICÓLOGO faça a sua parte, é um absurdo não haver um piso salarial definido para a profissão. Cadastre-se e faça pressão.
O site da Câmara dos Deputados é:
http://www.camara. gov.br
Abraços aos colegas Psicólogos.